domingo, 15 de fevereiro de 2009

Saúde Mental- Transtorno Afetivo Bipolar

O Transtorno Afetivo Bipolar

É um tipo de doença mental que se caracteriza pela oscilação do humor. O humor oscila de um pólo a outro, da elevação ao rebaixamento, da euforia a depressão, por isso é chamada Bipolar.

A pessoa que tem o transtorno afetivo Bipolar altera o humor, da tristeza a alegria de forma intensa e anormal. Pode ter fases em que ela se encontra muito bem, com mil planos, mil idéias, com muita energia e disposição. E ter fases em que se encontra demasiadamente triste e desanimada. Essa montanha russa de humor é a característica principal deste transtorno. Essas fases podem durar meses, semanas ou dias, dependendo do tipo do transtorno.

Classificação segundo o Manual Diagnóstico e Estatísto de desordens mentais (DSM IV):

Bipolar Tipo I: É a forma clássica da doença, onde há uma alternância da mania, de forma mais acentuada, a depressão.

Bipolar Tipo II : Não apresenta mania, mas a hipomania, forma mais branda da mania, alternada com depressão.

Tipo Cicladores Rápidos: Que alternam mais rapidamente na forma mais leve dos dois pólos. (hipomania a depressão leve)

Características dos dois Pólos:

1.Humor rebaixado -Fase Depressiva

Fase em que o humor é rebaixado. Pode ser leve,moderado ou grave. Os sintomas são os mesmos da depressão unipolar. Auto estima rebaixada, apatia, falta de ânimo, negativismo, alteração no sono, alteração no apetite, idéias de culpa e inutilidade. Essa fase em seu grau mais grave leva ao desinteresse pela vida e vontade de suicidar-se.

2.Humor Elevado - Da Hipomania a Mania

A pessoa na fase de hipomania tem a energia redobrada, sente pouco sono, passa a dormir muito pouco, fala muito, fica irritada facilmente, fica mais criativa e cheia de idéias e planos. Ela se sente realmente muito bem, com a auto estima elevada, muito otimista, produz muito.

A hipomania passa a ser denominada mania quando se agrava.O sono diminui ainda mais e a energia aumenta. A pessoa pode passar noites e noites em claro sem se cansar. Ela se torna muito instável e pode rapidamente ficar nervosa e furiosa. Começa a aparecer sintomas psicóticos, ou seja, a pessoa sai da realidade e pode ter alucinações e delírios. Alucinações são sensações (visuais, auditivas) sem haver o objeto real, ou seja, a pessoa de fato escuta ou vê algo que não é real. A partir dessas alucinações vão se formando os delírios. Os delírios são idéias com um tema, gerados a partir das alucinações. Os delírios mais comuns no Transtorno Bipolar são:

Delírio de Perseguição: A pessoa acredita que está sendo perseguida por pessoas conhecidas ou desconhecidas, por complôs, máfia, vizinhos ou mesmo a família. Acha que estão querendo matá-la, envenená-la, prejudicá-la no trabalho ou na escola, desmoralizá-la, expô-la ao ridículo ou até enlouquecê-la.

Delírio de Grandeza: A pessoa acredita ser extremamente especial, superior. Dominada por idéias de grande poder e riqueza. Acredita que pode tudo, que tem talentos e poderes especiais.

Delírio de Ciúmes: Neste caso, a pessoa percebe-se traída pelo parceiro de forma vil e cruel. Percebe- se traída com várias pessoas, podendo ser desconhecidas ou mesmo da família.

A pessoa na fase maníaca com sintomas psicóticos, como delírios corre sérios riscos de cometer atos que podem mudar sua vida, como: separação conjugal, grandes compras, saída do emprego etc.

Quando o episódio maníaco vai acabando, os sentimentos vão retornando ou caminhando ao pólo contrário. Kay Jaminson, psiquiatra americana, autoridade no assunto e portadora do transtorno bipolar, descreve como se sente ao sair de uma crise maníaca, em sua biografia Uma mente inquieta :

“Quando se está pra cima é fantástico, as idéias e sentimentos são velozes e freqüentes como estrelas cadentes. A timidez some; as palavras e os gestos certos de repente aparecem; o poder de cativar os outros é uma certeza palpável. Impressões de desenvoltura, energia, poder, bem estar, onipotência financeira e euforia estão impregnadas na nossa medula. Mas em algum ponto, tudo muda...E finalmente, só restam as lembranças que os outros têm do seus comportamentos absurdos, frenéticos, desnorteados. E então o que foi que eu fiz? Por quê? E, o que mais atormenta, quando vai acontecer de novo?”

Causa:

A causa ainda não foi definida. Para muitos cientistas a causa é genética somada a vivências de grande pressão que desencadeiam a doença. Isso se dá pelo fato de que em pesquisas feitas com pessoas com o transtorno, cerca de 80% tem casos semelhantes na família.

Evidências indicam que nos últimos anos, cresceu a incidência desses quadros e isso se deve a carga maior de estresse na qual se vive nos dias de hoje,somadas a uso de substâncias lícitas e ilícitas que desencadeiam o transtorno de humor. Por exemplo: remédios para emagrecer.

Tratamento:

O tratamento do transtorno bipolar deve ser com uso de remédios somados a psicoterapia. Um não impede nem substitui o outro. Os remédios são indispensáveis e somente podem ser receitados por médicos psiquiatras. A psicoterapia ajuda muito no tratamento trabalhando a aceitação da doença, ajudando a pessoa a lidar com os sintomas e com todas as conseqüências desse diagnóstico e tratamento. O Transtorno bipolar não tem cura, portanto, saber administrá-lo é uma tarefa eterna, e a psicoterapia tem um papel fundamental nisso.

A psicoterapia compreende diversas abordagens e podem ser realizadas individualmente ou em grupo.Independente da abordagem escolhida, o importante é o estabelecimento de um bom vínculo entre o terapeuta e o paciente. O vínculo terapêutico consiste numa relação de confiança, sigilosa e orientada por uma profunda responsabilidade. Cuidar da esfera emocional é o objetivo da psicoterapia. Auxilia na elaboração de conflitos em todas as áreas, ou seja, qualquer sentimento, pensamento, comportamento que cause angústia e desconforto, seja na área profissional, pessoal, conjugal,social, ou familiar, pode ser trabalhada na psicoterapia.

A psicoterapia é um espaço de autoconhecimento que dá suporte e auxílio para que a pessoa supere as dificuldades internas e conflitos que a impedem de confiar em si e nos outros.

No caso de um transtorno mental, como o Bipolar, a psicoterapia ajuda na identificação de sintomas, a lidar com problemas que causam estresse, no aumento da auto-estima, resgate da autonomia e nas relações interpessoais.

O Papel da Família no Tratamento do Transtorno Afetivo Bipolar:

A família tem um papel fundamental no tratamento do transtorno bipolar e na prevenção de crises recorrentes.

A pessoa dificilmente dará conta de que está entrando em crise, e muito menos as pessoas de seu relacionamento social, visto que, esses sintomas são discretos até que cheguem a uma gravidade maior. Mas os familiares têm mais possibilidades de perceberem a mudança de humor e de comportamento, e podem ajudar bastante.

Existem atitudes que, se tomadas pelos familiares, auxilia o médico no diagnóstico e no tratamento. A principal delas é a aceitação. Muitos familiares, negam a existência da doença no membro da família, por não conseguir aceitar a verdade. Essa atitude de omissão não contribui, dificulta o tratamento.

Outra atitude de fundamental importância é a busca de informação. Buscar conhecer, pesquisar e estudar sobre a doença, como ela se manifesta, como se dá o tratamento ajuda muito no andamento e no sucesso do tratamento.

A informação facilita a uma contribuição por parte dos familiares ante a crise, contribui para a compreensão e aceitação do membro doente e, também, para uma melhoria na qualidade de vida de todos os membros. Esses fatores podem influir positivamente no curso da enfermidade, diminuindo o número de recaídas e suas possíveis conseqüências.

Conclusão

O Transtorno bipolar deve ser encarado com muita seriedade, tanto pelo portador como pela família. Quando devidamente tratado a tendência é haver uma diminuição na intensidade das crises.No período de inter crises a pessoa tem o comportamento normal e pode assumir suas responsabilidades normalmente. É um transtorno mental, que necessita de remédios e deve ser encarado como um tratamento de hipertensão ou diabetes onde o uso dos remédios é vital.

Onde se informar:

(Copie e cole na barra de endereço)

http://www.psicosite.com.br/tra/hum/bipolar.htm

http://www.abrata.org.br/

http://drauziovarella.ig.com.br/entrevistas/valentim_bipolar.asp


http://www.youtube.com/watch?v=rWDGbTi9B18

Luciana Layse-Psicóloga Clínica






2 comentários:

  1. Muito interessante. Já li algumas coisas sobre o assunto. Mas uma dúvida permanece.
    Não lembro qual a fonte, mas era um livro que tratava de transtornos do humor, este abriu um tópico falando sobre a teoria cognitiva. Dizia que, segundo a teoria cognitiva, o transtorno bipolar funciona como um mecanismo da mente para se defender da depressão. O que você acha sobre isso.

    Só mais um questinamento. Acredito que em famílias com transtorno bipolar, este pode desencadear uma neurose. Como se por comportamentos que um homem médio facilmente teria, pensa-se que um ou outro possui transtorno bipolar. Ainda mais, a porcentagem de um gêmeo de um paciente com transtorno bipolar vir a contrair esta doença é de 33 a 90%. Não é 100% de chance.

    Acredito que a preocupação sobre se têm ou não transtorno bipolar seja a coisa mais dolorosa, ainda mais quando não se têm. Devemos tomar bastante cuidado quando estabelecemos diagnósticos sem o conhecimento aprofundado do objeto.

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